Entrei no santuário, no terreno sagrado. Estava frio, aquele inverno estava sendo um dos mais rigorosos.
O sol frio. A ausencia de vida. Enfim, decidi passar o verão nas Montanhas de Andorra, a vida floresce por lá, seriam seis meses de paz.
Havia tanta coisa que eu precisava fazer, precisa tempo para ler algumas coisas das quais o tempo de encarregou de guardar e depois de tantos anos, estava alí, parte da minha história, parte do meu destino.
***
O afresco ainda respira, mesmo sem o brilho jovial de quando foi feito.
Sentei em frente ao magnífico trabalho e me recordei dos detalhes daquele dia, daquela manhã.
***
No dia seguinte partiria para as montanhas,
eram 70 dias na estrada de vândalos, assassinos e possiveis tempestades.
A igreja cobrava retidão e impostos, a queima de toda e qualquer mulher que andasse sozinha e tivesse a sorte ou as asas por dom, estava fadada a morte.
O tempo parou e me sentiu ali,
estava frio, naqueles dias em que o sol simplesmente resolve sair , ir embora,
tempos aqueles que tudo a minha volta não queria viver.
Cabelos enrolados, crespos, mais curtos que o de costume, mais curtos que a realidade.
O olhar e a postura do abraço davam o sinal.
Era ela e não ele.
meu Deus...não pense alto.
não questione,
apenas respire, procure um pedaço de pão e suma.
Fiquei sentada alí, no último banco, encolhida como um miserável, até a última pincelada.
Parecia que aquelas asas me cobriam, não me viram, nem o inspetor das obras da igreja.
Deveria ser analfabeta,
mas não era e nem podia ler perto de alguem,
só meus poucos livros estavam escondidos no saco de trigo, no fundo,
precisa ler,
precisava entender os campos, as guerras, os sonhos, o choro.
Precisava esconder minhas asas.
Corri apavorada, esbarrei em um dos soldados da guarda e como que por reflexo,
segurei na espada.
O que tens aí mulher, anda, levanta ... disse aos berros, com aquele cheiro de cabra, de azedo e podre.
Ao puxar, só se vi minha bainha *** a prudencia ou a ignorancia me fizeram deixar a espada escondida.
Saia daqui sua vadia. Igrejas são para as senhoras da corte, não para mendigos, ratos e prostitutas. Se te pegar aqui mais uma vez, te queimo por heresia.
Não deixei que visse meus olhos, fiquei agachada e saí, mancando, pedindo clemencia. mas não deixei que me visse. Tinha medo que reconhecesse meus olhos.
***
Pedem aos anjos piedade,
depois de matá-los.
***
Aqele medo de me verem me acompanho,
veio comigo todos esses anos,
os séculos ... por isso a solidão me faz tão bem.
Posso erguer meus olhos,
olhar a vida,
enxergar a mim.
Por um momento pensei estar sozinha, mas não estava, o guardião havia contado sobre uma vadia com um fio comprido de cabelo branco, uma bainha vazia. Começava a caça.
precisava reunir forças ... precisa urgentemente fazer a travessia em paz.
Eis que por piedade ou sei porque o velho ferreiro me dá abrigo ... sabe-se de uma bruxa, que tem os cabelos da cor das tempestades, que pode ter várias idades, mas não pode se transformar em homem, está pela redondeza e que com ela viajam os livros sagrados e o pergaminho de Asgard. Que deus tenha misericórdia da sua alma se for a tal bruxa e da minha também, mas esses assassinos já mataram gente demais, vamos, vai viajar comigo até sumirmos dos olhos deles, depois das montanhas de Calkan, pode partir, mas até lá, viaje calada, essa estrada tem ouvidos...
Peguei o casaco e a capa, me vesti, cobri a cabeça e saí dalí, sem dar as costas ao afresco.
Seu nome?
o nome do afresco?
Eles o chamam de Serafim. O anjo das seis asas.
romí zerafim
O sol frio. A ausencia de vida. Enfim, decidi passar o verão nas Montanhas de Andorra, a vida floresce por lá, seriam seis meses de paz.
Havia tanta coisa que eu precisava fazer, precisa tempo para ler algumas coisas das quais o tempo de encarregou de guardar e depois de tantos anos, estava alí, parte da minha história, parte do meu destino.
***
O afresco ainda respira, mesmo sem o brilho jovial de quando foi feito.
Sentei em frente ao magnífico trabalho e me recordei dos detalhes daquele dia, daquela manhã.
***
No dia seguinte partiria para as montanhas,
eram 70 dias na estrada de vândalos, assassinos e possiveis tempestades.
A igreja cobrava retidão e impostos, a queima de toda e qualquer mulher que andasse sozinha e tivesse a sorte ou as asas por dom, estava fadada a morte.
O tempo parou e me sentiu ali,
estava frio, naqueles dias em que o sol simplesmente resolve sair , ir embora,
tempos aqueles que tudo a minha volta não queria viver.
Cabelos enrolados, crespos, mais curtos que o de costume, mais curtos que a realidade.
O olhar e a postura do abraço davam o sinal.
Era ela e não ele.
meu Deus...não pense alto.
não questione,
apenas respire, procure um pedaço de pão e suma.
Fiquei sentada alí, no último banco, encolhida como um miserável, até a última pincelada.
Parecia que aquelas asas me cobriam, não me viram, nem o inspetor das obras da igreja.
Deveria ser analfabeta,
mas não era e nem podia ler perto de alguem,
só meus poucos livros estavam escondidos no saco de trigo, no fundo,
precisa ler,
precisava entender os campos, as guerras, os sonhos, o choro.
Precisava esconder minhas asas.
Corri apavorada, esbarrei em um dos soldados da guarda e como que por reflexo,
segurei na espada.
O que tens aí mulher, anda, levanta ... disse aos berros, com aquele cheiro de cabra, de azedo e podre.
Ao puxar, só se vi minha bainha *** a prudencia ou a ignorancia me fizeram deixar a espada escondida.
Saia daqui sua vadia. Igrejas são para as senhoras da corte, não para mendigos, ratos e prostitutas. Se te pegar aqui mais uma vez, te queimo por heresia.
Não deixei que visse meus olhos, fiquei agachada e saí, mancando, pedindo clemencia. mas não deixei que me visse. Tinha medo que reconhecesse meus olhos.
***
Pedem aos anjos piedade,
depois de matá-los.
***
Aqele medo de me verem me acompanho,
veio comigo todos esses anos,
os séculos ... por isso a solidão me faz tão bem.
Posso erguer meus olhos,
olhar a vida,
enxergar a mim.
Por um momento pensei estar sozinha, mas não estava, o guardião havia contado sobre uma vadia com um fio comprido de cabelo branco, uma bainha vazia. Começava a caça.
precisava reunir forças ... precisa urgentemente fazer a travessia em paz.
Eis que por piedade ou sei porque o velho ferreiro me dá abrigo ... sabe-se de uma bruxa, que tem os cabelos da cor das tempestades, que pode ter várias idades, mas não pode se transformar em homem, está pela redondeza e que com ela viajam os livros sagrados e o pergaminho de Asgard. Que deus tenha misericórdia da sua alma se for a tal bruxa e da minha também, mas esses assassinos já mataram gente demais, vamos, vai viajar comigo até sumirmos dos olhos deles, depois das montanhas de Calkan, pode partir, mas até lá, viaje calada, essa estrada tem ouvidos...
Peguei o casaco e a capa, me vesti, cobri a cabeça e saí dalí, sem dar as costas ao afresco.
Seu nome?
o nome do afresco?
Eles o chamam de Serafim. O anjo das seis asas.
romí zerafim