26.9.12

AS MONTANHAS DE COLLMAR

As lembranças dançavam dentro de mim,
o inverno havia ido embora a pouco,
as águas desciam das montanhas como crianças barulhentas e ávidas para andar.

Era o quarto inverno sem notícias.
Desde que chequei aqui,
que Varey me carregou das montanhas pra cá,
muita coisa mudou,
antes tinham apenas um celeiro e uma choupana,
eram os anos de casamento.

Tudo tinha crescido.
Até eu me sentia mais nova,
como se isso realmente fosse possível.

Carregava mais de mil anos de história e sofrimento,
precisava entender mais,
lembrar mais,
quem sabe amar alguém.

Passava apenas de um dia para o outro e isso me bastava.

A velha senhora - Jaira, havia me curado de tudo, menos dessa dor estranha.
Ela costumava dizer que um dia,
entre as montanhas e o chão profundo,
passaria um rasgo de ouro.
Minha dor curaria.

Os pesadelos continuavam,
os peixes haviam voltado,
havia comida,
havia descanso,
havia uma inquietante paz.

Varey me vigiava dia e noite,
era medo 
era angústia,
era zelo?

Não sei,
mas essa estranha sensação de segurança.
Não sei de nada.

zerafim

13.9.12

AMANHÃ, EU SEI!!!



Da terra que te faz rei,
e remove as folhas escorregadias do caminho,
pedí aos prantos que se desse uma solução possível.

Dessa terra que me fez rainha,

Chega, não aguentava mais,
melhor dizer, não aguento.

Nesse momento me enrolo com o fardo,
droga,
raiva,
quero chegar,
parece que se foram mil anos,
e essa estrada,
esse sonho que não resolve, não chega.

Chutando o vento e as folhas,
tive a certeza.

Amanhã!!!

Sei que alguém me vê,
que me ouve e as vezes que sou eu mesma a brincar comigo.

Choro de saudade e grito.


Amanhã!!!

Eu sei.

8.9.12

SEGUE O OUTRO DIA.




Parecia loucura, sede, fome, alucinação,
nem sei mais como me sinto,
ou se sinto.

Meus pés tocam a terra úmida e não tenho idéia de quanto tempo permaneci curvada.

O medo havia me feito quieta e precisava dar conta dos meus sonhos e da minha realidade.
Aquele barulho me deixava surda.
Aquele cheiro me dava võmito,
aquela estrada parecia não acabar.

Parei em frente a um monte de areia,
que parecia demarcar a minha vida e não tinha forças para passar por ela.
Não sabia mais quase nada, não tinha certeza de quando havia partido.

Apenas a solidão não se esquece,
essa te lembra o tempo todo a tua presença.
A presença do vazio,
do rosto sem face.

Era o barulho do mar,
dentro de mim,
a pulsação da vida...

cuidado,

acabo de chegar.

o ano?

1254 a.c

zerafim


ANAEL


Anael

Como esquecer aquela angustia que ví nos teus olhos,
quando parecia adivinhar a tua natureza.

Sabia do peso das asas e da força de dobrares os joelhos.
Cortava o céu,
num tapete azul,
num barco de nuvens.

Anael,
agora te chamo,
como meu pai te chamou.

zerafim

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