Sei da demora dos dias,
imagino a revolta das noites,
rezo pela contagem do tempo.
Penso ...
Nossas folhas não irão mais cair,
mentira,
caem todos os dias.
e quando chegar o outono?
ele nunca partiu, desde o último.
Resta-nos guardar forças para as constantes mudas,
trocas initerruptas de desafios.
Revolto-me com aqueles que não querem enxergar...
mas as vezes, confesso, chego a desejar a cegueira.
Não é outono,
mas não me pergunte a estação.
Até o universo e as primaveras se tombaram diante de tantas mortes.
Hoje choro e o tenho feito a tanto tempo.
Hoje desejo que ontem suma e amanhã seja pintado por uma criança.
Minha maior conquista é manter minha fé,
todos os dias e minutos,
mesmos com o outono do verão,
mesmo com a primavera invernal.
Mesmo com a devoração (porrajimos) que o mundo finje não ver.
zerafim
(em memória eterna, enquanto durar a minha lucidez, para que pelo ao menos enxerguem o massacre).