28.1.13

AINDA É OUTONO

Sei da demora dos dias,
imagino a revolta das noites,
rezo pela contagem do tempo.

Penso ...

Nossas folhas não irão mais cair,
mentira,
caem todos os dias.

e quando chegar o outono?
ele nunca partiu, desde o último.

Resta-nos guardar forças para as constantes mudas,
trocas initerruptas de desafios.

Revolto-me com aqueles que não querem enxergar...
mas as vezes, confesso, chego a desejar a cegueira.

Não é outono,
mas não me pergunte a estação.
Até o universo e as primaveras se tombaram diante de tantas mortes.

Hoje choro e o tenho feito a tanto tempo.
Hoje desejo que ontem suma e amanhã seja pintado por uma criança.

Minha maior conquista é manter minha fé,
todos os dias e minutos,
mesmos com o outono do verão,
mesmo com a primavera invernal.

Mesmo com a devoração (porrajimos) que o mundo finje não ver.


zerafim
(em memória eterna, enquanto durar a minha lucidez, para que pelo ao menos enxerguem o massacre).

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