2.1.12

A QUARTA CASA

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen


No portal das cores, estarás ligada do primeiro ao último, terás todas as forças em tí, conhecerás de todas um pouco e de cada uma terás uma parte. A tudo e a todos. Seja no azul como no branco. Mas nem todos a teram e por fim ela saberá da profundidade de tua força e será tua casa, tua paz ou teu castigo. És a hora de conhecer a casa negra Zerafim.
Tarus me acompanhou, ele parecia realmente integrado a ela, forte e manso, duro e maleável. 
*
Agora compreendí porque não pude visitar a casa negra em Ohros, não conseguiria enxergar nada, não iria compreender nada, não seria profunda o bastante para entendê-la.
De certo que eu apenas a temeria.
**
Depois que retornei a Ancara, muitas coisas voltaram a ter sentido e outras pare que se perderam para sempre. Trazia lembranças vagas de tanta coisa, inquietações e sensações que se juntariam para o resto da vida. Mas eu só saberia disso anos mais tardes.
***
Taurus cruzou o tapete de estrelas, que separa a casa Branca e abri um portal do qual eu nada via.

Não olhe pra traz, confie, cheire, ouça, sinta. Disse Taurus. Respire Zerafim, uma rromí precisa respirar.
****
Não sei ao certo quanto tempo fiquei por lá ... o tempo, nunca o havia contado antes. Aqui não tenho como medi-lo.

Controle seu medo Zerafim e lembre-se das outras moradas. Aqui é como o encontro das águas do norte, do calor do fogo e do gelo da neve.

O meio, é isso, esse é o ponto exato? ... Me responda Taurus.

Não Zerafim, esse é o ponto mais profundo do rio, o caus e a ordem coabitam aqui.
Sinta Zerafim, apenas sinta.

******

Umas das memórias que trouxe comigo foram a das flores abertas no campo, pensei nelas pra me acalmar.


Estranho ... uma rosa negra. Do que jamais ví, enxerguei. Agora sei que estou em Ancara.

zerafim

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