Agora sei,
Havia subido as montanhas para apender a subí-la novamente.
Me fazia falta o som do silêncio,o barulho da folha rosando pelas minhas pernas.
Me fazia falta o beijo do vento e o abraço da brisa.
Não pertencia mais aos povos da terra,
não haviam me aceitado quando menina,
não me curvaria agora mulher.
Foram 6 luas de completa estranheza.
Ao dobrar a noite parti.
Havia feito um pacto com o tempo,
seria dele, se dele obtivesse passagem livre.
Queria mais tempo,
haviam tantas coisas das quais queria um breve encontro.
A cada volta na montanha, pela parte da mata serrada,
curvava a três grandes mastros de arueira e descia o desfiladeiro,
atrás dos carvalhos encontrava o antigo lar.
Numa dessa passagens, já se faziam três invernos,
nem o cheiro da madeira queimada,
nem do pelo dos animais.
Era o fim.
Começava a devastação.
Os troncos mais antigos haviam se queijado,
num lamento que só a vida torna em som.
Não havia mais nada,
restos de animais,
restos de vida - pelo ao menos do que chamavam assim.
Hoje deveria ter a idade da minha mãe,
estava mais nova que ela,
estava com as curvas do meu corpo intactas,
pernas forte,
braços e mãos firmes.
O rio me fazia conhecedora dos meus contornos e do meu sofrimento.
Heitha, não estava só,
dois lobos me acompanhavam a meia volta da montanha,
e agora que me viram em campo aberto e desprotegida,
precisam cuidar do seu sustento.
Aquele solo sempre me deu vontade de resistir,
superei o medo e partir, andando calma e afiando a pedra de corte.
Servia para retirar a pele dos animais aprendíamos desde cedo a não ferir os animais.
Tarefa essa que havia aprendido por não ser bonita e nem corpo de mulher.
Não me lembrei do rosto de meu pai, nem seguer um detalhe.
Não sairia ilesa,
eram fortes e belos,
jovens lobos.
A um dei o meu braço,
ao outro a ponta da lança.
Quando de repente os olhos se enceram e o grugir se faz mudo.
Uma lança havia atravessado seu corpo de ponta a ponta.
A curva do meu salvador havia sumido,
só a dor no braço e o calor do sangue.
Não era possível que a montanha havia me abandonado,
não poderia partir,
pra onde?
Um breve sorriso, a última lembrança que ví, foram as curvas do meu corpo, junto as pedras do rio.
Heitha
zerafim
Havia subido as montanhas para apender a subí-la novamente.
Me fazia falta o som do silêncio,o barulho da folha rosando pelas minhas pernas.
Me fazia falta o beijo do vento e o abraço da brisa.
Não pertencia mais aos povos da terra,
não haviam me aceitado quando menina,
não me curvaria agora mulher.
Foram 6 luas de completa estranheza.
Ao dobrar a noite parti.
Havia feito um pacto com o tempo,
seria dele, se dele obtivesse passagem livre.
Queria mais tempo,
haviam tantas coisas das quais queria um breve encontro.
A cada volta na montanha, pela parte da mata serrada,
curvava a três grandes mastros de arueira e descia o desfiladeiro,
atrás dos carvalhos encontrava o antigo lar.
Numa dessa passagens, já se faziam três invernos,
nem o cheiro da madeira queimada,
nem do pelo dos animais.
Era o fim.
Começava a devastação.
Os troncos mais antigos haviam se queijado,
num lamento que só a vida torna em som.
Não havia mais nada,
restos de animais,
restos de vida - pelo ao menos do que chamavam assim.
Hoje deveria ter a idade da minha mãe,
estava mais nova que ela,
estava com as curvas do meu corpo intactas,
pernas forte,
braços e mãos firmes.
O rio me fazia conhecedora dos meus contornos e do meu sofrimento.
Heitha, não estava só,
dois lobos me acompanhavam a meia volta da montanha,
e agora que me viram em campo aberto e desprotegida,
precisam cuidar do seu sustento.
Aquele solo sempre me deu vontade de resistir,
superei o medo e partir, andando calma e afiando a pedra de corte.
Servia para retirar a pele dos animais aprendíamos desde cedo a não ferir os animais.
Tarefa essa que havia aprendido por não ser bonita e nem corpo de mulher.
Não me lembrei do rosto de meu pai, nem seguer um detalhe.
Não sairia ilesa,
eram fortes e belos,
jovens lobos.
A um dei o meu braço,
ao outro a ponta da lança.
Quando de repente os olhos se enceram e o grugir se faz mudo.
Uma lança havia atravessado seu corpo de ponta a ponta.
A curva do meu salvador havia sumido,
só a dor no braço e o calor do sangue.
Não era possível que a montanha havia me abandonado,
não poderia partir,
pra onde?
Um breve sorriso, a última lembrança que ví, foram as curvas do meu corpo, junto as pedras do rio.
Heitha
zerafim