26.6.12

Heitha sonha

E já, perto de chegar ao lugar de destino,
cai a noite,
escura e estranha...
parecia tormenta.

A porta do centro,
um portal gigante...enfim o sonho.

Desde criança era com esse redemoinho de informações que Heitha sonhava.

Hoje foi tão pertubador,
tão claro.

Nunca ví isso antes,
de onde seria,
de quem,
porque???

O vento tazia nomes que não me lembrava,
figuras que desconhecia,
Orhos, Taurus, Anael...

Na verdade a cada passo que dava,
mais sonhos pertubadores ,
mais visões,
tinha de fugir da loucura,
tinha que respirar.
E esse ar úmido que nunca chegava,
essa febre quente e fria,
esse cajado a afundar na terra úmida.

zerafim

16.6.12

TRECHOS DA ESTRADA



E sem saber ao certo,
quanto ainda deveria andar, descansei cansada de sonhar.

Fotam tantas luas e tantos sonhos,
medo e aquele cheiro que me entorpecia o sentia.

Os sonhos recorrentes,
o barulho insurdecedor de não sei o que.

Por entre a floresta que a cada dia me dava mais clarões,
a névoa me trazia angustia e desespero.
Lembrava-me de tantas coisas que desconhecia.

Durante uma noite,
com o frio úmido a cobrir meu corpo,
e uma febre estranha a percorrer minhas entranhas,
a bruma me fechou os olhos e foi ela que embalou meus sonhos.

Montanhas em preto e branco,
sem cor,
meu coração estava cinza.
Minha esperança estava por terminar.

Precisava andar,
iria esperar apenas aquelas horas, mas iria andar.


zerafim

9.6.12

UM SONHO DE HEITHA

Havia muito tempo que não sonhava com as grandes águas,
não sei porque,
acho que saudade de casa.

O sol já havia ido dormir e as estrelas bringavam de piscar os olhos para qualquer um que se atrevesse a levantar a cabeça.

Os anos haviam sido difíceis, estranhos e amargurados.
Dormi atras do sonho dourado dos seus olhos, correndo no campo de trigo.

Na última colheita perdi a lembrança do sorriso e me aprofundei na terra. A caça havia fugido, os moluscos e cogumelos não tinham o mesmo sabor de antes, a tenda havia sido rasgada e suas folhas espalhadas ao vento. Foi o tempo da terra, sem sol, da mágoa e da tristeza.

Sonhei,
uma grande pedra saia da água grande, não havia bravurra, não havia tormenta,
havia calda e paz,
senti o gelo como agulha nos meus pés.

Será que a grande mãe havia se enfurecido comigo?
Ví a sua raiz, como se pudesse entrar por debaixo dela e ela não me esmagaria.
A grande rocha branca, profunda, leve, suave e translúcida.
Havia luz alí e o céu tinha mudado de lugar.

Não senti mais frio,
não senti mais nada.
Girava suavemente abaixo da rocha, da grande rocha.

Quando abri os olhos, o sol ainda dormia,
mas eu sabia que era tempo de mudanças,
de criar raizes mansas, sem guerra.
De lavar minhas lágrimas e meus pesadelos.
Era hora de germinar e de colher, de ser colhida.

Quando os primeiros rais de sol acordaram os campos,
afiei o facão na rocha avermelhada e decidi não acender o fogo,
cortei um pedaço do velho carvalho caído e fiz um cajado, tosco, mas perfeito.

Os anos haviam se passado e já não era mais uma menina.
Senti um cheiro único de umidade e sal,
a grande mãe branca me guiaria.

Um sonho, minha estrada,
senti a vida de novo em mim.
um leve toque do vento, uma direção, um sentido.
Agora tinha de confiar.
Partir e começar.

Sabia que faria isso sozinha,
mas sabia que não estava só.

romí zerafim

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