31.10.11

UM CONTO ENCANTADO

SOBRE AS ESTRELAS


Assim acordamos, com o teto estrelado. Boas novas hão de vir.
O céu se preparava para mais uma noite de tapete azul e pontos luminosos. Esses eram os nossos guardiões, aqueles que um dia lutaram a grande batalha e receberam como prémio morar no tapete azul. Descem raramente...nunca os ví, apenas os mais velhos.

São os povos de Anael, os senhores de Antara. Sofia a senhora da lua, filha de Dhiel e o filho da Luz. Os guardiões de Ancara são belos, fortes e dizem que conhecem de tudo um pouco. É isso que vou ver, tenho aulas com eles hoje. Tenho medos, receios, coisas que nunca senti. Tenho sonhos que me dizem coisas e elas acontecem.

Zorbin me contou que tudo isso é a minha bagagem maior e por isso terei de carrega-la num compartimento vermelho e pequeno. Se chama Corr-ilô, parece um veludo, uma pluma as vezes, em outras uma pedra.


Hoje verei as estrelas de perto. 
Existe um caminho das terras do norte para cá, feito por um corredor de estrelas. A demarcação inicial se chama Polaris e são três, ao todo.

 presnete da Ana

Um turbilhão no tapete azul...são eles...chegaram.

Devo gravar essa passagem, pois, para onde vou, não se vê, mas se enxerga. Não entendí. Preciso perguntar isso. 

Anael é muito alto, cabelo comprido, corpo retilíneo, sem armadas para proteger, não consegui ver se anda, parece que flutua. Olhos cor de seiva fresca, não sei dizer, parece que não existe...existe e está do meu lado. 

Tremosvem logo depois, rosto sério, não consigo olhar pra ele. A caixa vermelha treme. Ele pisa no tapete, sinto na minha cabeça seus pés.

Os guerreiros de Ancara, o que farão aqui?
Só eu terei aula, mais ninguém.

Rromí - escuto um dos nomes que devo responder.
Layca - respondo eu. Saray, a aula vai começar.

"veras o céu - esse é o nome do tapete azul, dentro dele um manto enorme e solto, composto de brilhantes faíscas formam a estrada de volta pra casa. Verás sempre do norte. Não há estrelas que não sejam enviadas de Ancara, esse domínio é nosso e é intransponível, não se engane com isso nunca. As guerras jamais serão mandadas de Ancara, Dhiel proibi isso. Cada qual constroi a guerra ou a paz nas escadarias abaixo dos tapetes e o senhor dos caminhos sabe quem são. 
Não conhecem Ancara, nunca nos viram. Imaginam que nos conhecem, mas não sabem o que estão falando.
Desta forma, deverá olhar o tapete azul, sempre na virada dia, a noite te dirá o que fazer, desenharemos para você os perigos, o passado e o futuro. O presente você terá de construir. 
Tudo tem um peso, uma forma, uma relevância, aprenda a entender.
Tudo se move, aprenda a se mover com elas, somos nós que estaremos lá.
Se tentar revelar os caminhos de Ancara, não acreditaram em você, não o faça, alguns poucos sentirão Ancara no corr ilô, vê-la porém é impossível para a maioria deles.


Quando por ventura um brilho rasgar o tapete azul, se curve, um de nós volta para realizar os desejos de Dhiel. Portanto peça a ele e ele nos enviará quando precisar de ajuda.

Se subir ao maior dos cumes, ainda estará longe de casa. Só poderá voltar quando abandonar a bagagem que reveste sua alma, chama-se courp.

Quando anoitecer te recolha ao abrigo que terá de construir, existem muitos que tentam achar os nossos e sempre procuram a noite. Ao chegar a grande luz, ainda estaremos lá. Eles não poderão nos ver e se sua vontade de nos achar diminuir, também não poderá.


Estaremos dentro de você e não fora.
Peça, chegaremos quando for a hora, nem antes e nem depois de Dhiel, mas com ele e por ele.
Guarde bem tudo o que te foi dito, do resto é apenas espuma, sumirá no tempo.

Tempo, outra coisa que ninguem me explicou.
Compreendeu tudo rromí? Acho que sim Zorbin, acho que sim.

Ainda faltam passar as luas maiores, mas já está perto, amanhã falaremos mais, descanse e pense.

zerafim

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